Saí do
metrô Santa Cruz e deparei com seres irreconhecíveis. Eram cinco ou seis
pessoas pintadas de preto da cabeça aos pés. Busquei logo alguma identificação
para saber de onde eles vinham. Ou melhor, para onde eles iam. Um me olhou mas
se direcionou a outra pessoa na rua. Outro veio se aproximando e pedindo uma
contribuição para o bixo. Ao mesmo tempo que perguntei onde ele havia passado,
li em sua camiseta: “Unifesp – Medicina”, junto com sua resposta. Cacei algum
trocado em meu bolso e achei um real. Fosse em 2004, quando o pintado era eu,
teria comemorado frente a tantos 10 centavos que recebia. O bixo agradeceu e
logo partiu buscando mais moedas.
Entrei
rapidamente no shopping para pegar um sorvete. Precisei falar um pouco alto
para que o atendente me ouvisse. Lá fora, a bateria da universidade tocava
aquele ritmo que tocam todas as baterias. Tava massa! Enquanto esperava o
sorvete, ritmava a bateria com o pé.
Saí do
shopping e no caminho até minha casa voltei a lembrar de 2004. Do quanto havia
esperado para estar em uma universidade pública, embora nunca houvesse
imaginado que fosse a UNICAMP (o vestibular totalmente dissertativo era
intimidante), e com uma dúvida danada do que viria dali em diante. Era uma
dúvida boa, diferente daquela dúvida-quase-medo-pré-vestibular.
Foram 5
anos por lá, mas no caminho de casa recordei apenas da primeira semana, da
calourada. Lembro de muita tinta, de um bandeijão ensandecido, de comer apenas
com a faca, de buscar suco para os veteranos, levantar um poste, uma
peregrinação pelas repúblicas, muita cerveja, pinga, gincana, samba, rock, samba-rock, pedágio, palitos verdes, choppada, pessoas novas, casa nova, mais pessoas
novas...
Foi a
primeira semana de 5 anos que viriam em Barão Geraldo!